A incontinência urinária é a perda súbita de urina de forma involuntária pela uretra. A condição acontece também quando há pequenos escapes diários, não apenas perda grande e incontrolável de urina.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), embora seja comum em ambos os sexos, pesquisas demonstram que nas mulheres o problema é duas vezes mais frequente, sendo que cerca de 35% delas acima de 40 anos e após a menopausa apresentam algum grau do distúrbio.
Sintomas
A incontinência urinária atinge aproximadamente 5% da população mundial de todas as idades, acometendo com mais frequência mulheres e idosos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). São 10 milhões de brasileiros com esta condição.
A IU também pode surgir como um sintoma de alguma doença, como infecção urinária, cálculo vesical, tumores de bexiga, poliúria e outras doenças neurológicas como Parkinson, sequelas de AVCs ou lesões na medula.
Qualquer pessoa pode ter IU, mas ela não é igual em todos. Existem três formas principais de incontinência urinária:
- Incontinência urinária de esforço: esse tipo de perda urinária ocorre quando a pessoa não tem força muscular pélvica para reter a urina. Sendo assim, as perdas urinárias serão desencadeadas por atividades como espirrar, tossir, rir, levantar pesos ou fazer algo que põe a bexiga sob pressão ou estresse.
- Incontinência urinária de urgência: é um desejo tão forte e repentino de urinar que a pessoa não consegue chegar ao banheiro. Pode ocorrer também quando há uma pequena quantidade de urina na bexiga.
- Incontinência mista: as perdas urinárias ocorrem durante um esforço e também na presença de urgência.
- Enurese noturna: é a incontinência que ocorre durante o sono. O exemplo mais típico é o da criança que faz xixi na cama. Embora a maioria das crianças já tenha aprendido a controlar a micção em torno dos três aos quatro anos de idade, considera-se normal que algumas crianças ainda urinem na cama até os cinco ou seis anos.
Incontinência urinária em atletas de alto impacto
Quem realiza atividades físicas de alto impacto também não está livre da incontinência urinária. Durante a prática esportiva, há aumento da pressão intra-abdominal, que pode causar um impacto sobre o assoalho pélvico de três a quatro vezes mais que o peso do atleta.
Fatores de risco
É possível identificar alguns fatores de risco para incontinência urinária. Conheça e evite-os:
- Bexiga hiperativa: este termo é utilizado para pessoas que têm desejo súbito de urinar e dificuldade para controlar o xixi. São mais propensas a ter a incontinência urinária de urgência.
- Consequência de cirurgias: um dos tratamentos de tumores na próstata é a prostatectomia radical (remoção total da próstata). Tal cirurgia pode acarretar sequelas, como impotência sexual e incontinência urinária.
- Constipação constante: a constipação pode influenciar de maneira negativa o funcionamento da bexiga. Isso porque o intestino e a bexiga compartilham as mesmas conexões na medula espinhal.
- Diabetes Mellitius: a doença pode prejudicar o funcionamento dos nervos da bexiga devido ao acúmulo de sorbitol (que deriva do metabolismo da glicose).
- Doenças do sistema nervoso: o sistema nervoso controla o funcionamento de diversos órgãos, entre eles a bexiga. Quando há lesão na medula, a pessoa pode perder a capacidade de sentir a bexiga cheia.
- Idade: a probabilidade de ter incontinência aumenta com a idade.
- Infecção urinária: também conhecida como cistite, é possível que agrave a perda involuntária de urina. O tratamento pode melhorar ou curar a incontinência urinária
- Insuficiência cardíaca: gera retenção de líquidos durante o dia, causando inchaços nas extremidades do corpo. Ao deitar, esses líquidos são reabsorvidos e filtrados pelos rins, o que aumenta a necessidade de levantar à noite para urinar.
- Fraqueza nos músculos na região pélvica e idade avançada: os músculos da região pélvica ajudam a manter a continência urinária. Geralmente, os idosos sofrem o enfraquecimento dessa região, o que pode causar perda urinária e urgência miccional.
- Medicamentos: alguns medicamentos podem dificultar o esvaziamento da bexiga. Sendo assim, há retenção urinária crônica, podendo ocorrer a IU por transbordamento, causando gotejamento contínuo. Esse tipo de incontinência é mais comum em homens que sofrem de aumento da próstata e sentem dificuldade para esvaziar a bexiga.
- Obesidade: pessoas obesas geralmente têm o aumento da pressão intra-abdominal, podendo comprimir a bexiga e outros órgãos pélvicos. A perda de 5% do peso melhora a IU.
- Tabagismo: o uso de tabaco pode causar doença pulmonar obstrutiva crônica, ocasionando tosses fortes. Esse sintoma pode piorar a incontinência urinária.
Prevenção
É possível adicionar à rotina do dia a dia uma série de hábitos que evitam a incontinência urinária. Fique por dentro:
- Controle a ingestão de líquidos à noite.
- Evite bebidas alcoólicas e com cafeína.
- Controle o diabetes e o peso corporal.
- Abandone o tabagismo.
- Regule os intervalos entre as micções. Não espere apenas a vontade de urinar para ir ao banheiro.
- Mantenha uma alimentação saudável, com bastante fibras.
- Realize atividades físicas regularmente.
- Reconheça e evite alguns fatores que causam a IU, como uso de remédios diuréticos ou problemas de locomoção em idosos.
Exercícios do assoalho pélvico
Esse treinamento é baseado em exercícios para fortalecer e melhorar a coordenação dos músculos do assoalho pélvico, prevenindo ou melhorando as disfunções nessa região.
É muito utilizado em casos de incontinência urinária, incontinência fecal e disfunções pélvicas, tanto em homens quanto em mulheres. É importante buscar um fisioterapeuta para realizar os exercícios da forma correta.
Diagnóstico
Ao procurar um médico, o paciente com suspeita de incontinência urinária relatará sobre os seus sintomas e histórico médico, além de dizer como está o funcionamento da bexiga e a perda de urina.
Com base nessas informações, o especialista pode solicitar um exame de urina para detectar se alguma anormalidade, como infecções ou presença de sangue. Também pode indicar que o paciente anote por vários dias a quantidade de líquido ingerida e a de urina produzida, quantas vezes urinou e se conseguiu controlar essa vontade. Além disso, pode ser realizada a medição residual pós-miccional, na qual se verifica a quantidade de urina produzida e a restante na bexiga.
Para complementar a análise, o médico pode solicitar os seguintes exames:
- Exame urodinâmico completo: avalia as várias fases do ato de produzir, transportar, reter e excretar urina.
- Cistoscopia: exame endoscópio das vias urinárias baixas.
- Cistografia: procedimento diagnóstico que utiliza imagens de raio-x para examinar a dinâmica urinária da bexiga.
- Ultrassom abdominal e pélvico.
Tratamento
A escolha do tratamento para incontinência urinária ocorre após o diagnóstico e identificação da causa e do tipo de perda urinária. Ela muda de acordo com o quadro clínico de cada paciente.
É possível que uma mesma pessoa faça uma combinação de vários procedimentos para tratar essa condição. Os principais métodos para tratar a incontinência são:
- Biofeedback eletromiográfico: o aparelho permite a leitura e interpretação em tempo real da atividade elétrica das fibras musculares do assoalho pélvico por meio de sinais auditivos e ou visuais. Sendo assim, é possível a identificação dos músculos a serem trabalhados, restabelecendo a coordenação e o controle motor voluntário.
- Eletroestimulação: é realizada através de técnicas que visam o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, pois a disfunção muscular representa uma importante característica da incontinência urinária de esforço.
- Medicamentos: o médico poderá optar por um tratamento farmacológico para diminuir o problema.
- Técnicas comportamentais: trata-se de treinar a bexiga para controlar a micção, como programar as idas ao banheiro para não ter que ir apenas quando sentir vontade de urina; controlar o consumo de líquidos; evitar cafeína e álcool e iniciar atividade física.
- Terapias de intervenção ou cirurgia: podem ser utilizados injeção de material sintético no tecido que envolve a uretra, toxina botulínica (botox) e estimuladores de nervos. Além disso, há a opção de procedimentos cirúrgicos, como o sling (tiras de tecido sintético ou de malha aplicadas em torno da uretra e colo da bexiga, que impedem a micção fora de hora), suspensão do colo da bexiga, cirurgia de prolapso e esfíncter urinário artificial.
- Treinamento da bexiga e exercícios do assoalho pélvico: por meio da fisioterapia pélvica, a pessoa com IU realiza exercícios específicos para identificar e fortalecer os músculos da região e ter controle da micção. É um tratamento simples, de baixo custo e não invasivo. É importante buscar um fisioterapeuta para realizar os exercícios da forma correta.